Sinopse
A história se passa na pequena cidade costeira de Kurouzu-cho. Uma maldição começa a envolver gradativamente a cidade e seus habitantes. De acordo com Shuichi Saito, namorado da protagonista Kirie Goshima, a cidade está sendo amaldiçoada não por uma entidade, monstro ou alguém, mas sim por um padrão: uzumaki, que é vortéx ou espiral em japonês. Os habitantes de Kurouzu-cho se tornam cada vez mais envolvidas por vários eventos ou objetos que tem a espiral como padrão. A loucura vai tomando conta da cidade e as vítimas parecem incapazes de fugir da influência desse hipnótico design.
O mangá tem um design simples, mas sem deixar de ser artístico ou detalhado. Cada cena, cada quadro e cada detalhe têm um propósito: fazer o leitor cagar nas calças. Assim como Lovercraft usa as palavras para descrever o horror, o abominável e o desconhecido, Itou-sensei o faz com igual maestria com sua arte.
A arte é limpa, direta e honesta. Nada de traços complicados ou quadros cheios de detalhes desnecessários que, às vezes, infestam muitos mangás. O grotesco é desenhado com minuciosos detalhes e as cenas, especialmente as mortes, são exibidas de maneira convincente. Cada quadro e página foram designados para causar o máximo efeito de provocar uma atmosfera de terror. Cada virada de página pode reservar uma surpresa assustadora ao leitor. Mesmo assim, a arte traz um nível de conforto ao leitor alternando entre altos e baixos, entre cenas de absoluta paz para logo se tornarem cenas de pura loucura grotesca.
História
A história é o ponto forte de Uzumaki. A narrativa tem um ritmo que é spot on. Não é nem rápida ou lenta demais. O ritmo é perfeito. Ponto. Essa cadência brinca com um dos maiores medos do ser humano: o desconhecido. Na história, o autor não coloca ou propõe explicações para com o que se passa na história. O leitor é que tem que interpretar os acontecimentos. As histórias podem causar um certo nível de paranóia no leitor, fazendo-o tentar imaginar o por quê dessas ocorrências.
Basicamente a temática de Uzumaki é a obsessão que o vortéx causa nos habitantes da amaldiçoada cidade, seja fascinação, medo, terror, etc., de origem natural como tornados ou caracóis ou não naturais como desenhos ou até mesmo penteados. A espiral não tem moral ou causa como um vilão ou até mesmo um monstro ou entidade poderiam ter. É algo intangível, natural, irracional e incompreensível. Com o passar da história, as pessoas e a própria cidade vão se tornando cada vez mais distorcidas e bizarras, tornando se cada vez menos humanos. Essa transformação causa um efeito opressivo no leitor.
Essa obsessão é narrada de forma variada e criativa. Cada capítulo tem um feeling diferente um do outro. Um pode ser mais focado na trama principal, outro pode ser uma história de humor negro, outro de terror absoluto e até um “love story”. O que dá uma ótima variedade na leitura. Cada história é ligada uma a outra, mas algumas delas podem ser lidas independentes das outras sem se tornarem incompreensíveis.
Os personagens são tratados de maneira crua. Eles são descritos de maneira breve, mas pessoal. Seus destinos tendem a ser um tanto cruel e muitas vezes irônico. Mesmo o vortéx sendo uma força amoral, até que há uma certa moralidade nas histórias, mas é algo dado ao leitor mastigar e digerir.
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